Estou atravessando um período de árvore.

Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.
(...)

Nuvens me cruzam de arribação.
Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas.
(...)

(ele) é quase árvore.
Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe
E vêm pousar em seu ombro.
Seu olho renova as tardes.
(...)

(... consegue esticar o horizonte usando 3 fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.)
... desregula a natureza: Seu olho aumenta o poente.
(Pode um homem enriquecer a natureza com a sua incompletude?).
(...)

Manoel de B
arros

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